Procurando unir a arte à reconstrução de edíficios devolutos e assim tentar formar uma casa de artistas, feita por artistas ou emendada por estes, “Re-menda-se” procura demonstrar que existem formas alternativas de trabalhar, desenvolver, modificar e melhorar os edifícios abandonados, apresentando a arte como uma das possíveis soluções para um problema estrutural da cidade do Porto.

Uma casa nunca está parada, seja ela habitada ou não: move-se, modifica-se, sofre alterações. Quer sejam estas provocadas pelo homem ou pela natureza. Ela é assim uma forma em constante mudança, e portanto, um organismo vivo.

Normalmente, no caso de uma casa abandonada, os registos são provocados pelo desgaste natural de um espaço que está sujeito ao “ar livre”. Um chão de madeira apodrecido pelo excesso de água, a inexistência de telhado pela força do vento, ou um vidro partido pela força de uma ave a bater contra a janela. Causas naturais que para nós são parte da identidade do espaço onde nos encontramos, e que apesar de necessitarem de reconstrução, não devem nunca ser esquecidas ou apagadas, mas sim emendadas. Assim, cada pedaço que desapareceu da casa é um espaço de intervenção.

"Re-menda-se" toma o edifício sede da Coincidência Banal Associação Cultural - CBAC, situado na rua António Cândido, 220, edifício do projecto Casa António. Foram seleccionados 24 espaços de intervenção, 24 possibilidades de re-mendos, aqui apresentados no MAPA. Cada artista/colectivo, poderá escolher um espaço do MAPA e intervir nele. O objectivo desta actividade é remendar o edifício fazendo uma exposição destas acções, que, apesar de re-mendas, serão intervenções permanentes, ao menos enquanto o edifício pertencer à CBAC, fazendo parte do início do desenvolvimento da identidade da Casa António.